Somente os estalos dos pingos da chuva, por sobre o telhado, quebravam o silêncio da casa onde seu corpo desejoso dizia que sim e seus olhos medrosos, não.
Ele era seu ex-namorado e ela não sabia como chegara até ali, pois que jurava que quando terminaram ele a havia devolvido a cópia da chave, mas isso era o que menos importava. O importante era estarem ali, frente a frente no sofá da sala, mesmo ela querendo estar no mar.
Foram momentos de intensa batalha: investidas versus esquivas.
Ele adiantava um pouco seu corpo, ela recuava. Uma frase de duplo sentido era interpretada ao pé da letra.
Um beijo com endereço certo, num movimento de cabeça, morreu no rosto dela.
Foram muitas tentativas, até que ela cedeu.
Depois de um abraço apertado, cócegas, risos e um beijo roubado, como fosse um sonho, ela se encontrava no quarto sem sequer lembrar de ter pisado no chão. Talvez tivesse ido nos braços dele, mas isso também pouco importava. O importante era estar ali, seminua, enquanto ele tirava-lhe o resto das vestes, dizendo ao seu ouvido palavras obscenas e absurdas.
Depois de sentir-se a senhora de seus movimentos, deitou-se e deixou-se ser dominada.
Suas unhas desenhavam marcas nas costas dele, enquanto ela, em tom de sussurro, dizia:
- Espera... espera!
Fechou os olhos e seus braços deslizaram no corpo dele até se soltarem.
Segurou com força os lençóis enquanto soltava um gemido intercalado com uma respiração urgente e ritmada.
Sorriu ao sentir seu corpo leve.
Abriu os olhos.
Somente os estalos dos pingos da chuva, por sobre o telhado, quebravam o silêncio da casa.
Riu de si mesma. Queria tanto o seu homem e foi visitada por uma alma feminina, que atende pelo nome de saudade.
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