Adolescência

Por Psicologia em Arte - Luciane Brito em 13/04/2022
Adolescência

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O que dizer dessa fase da vida tão questionada por uns e intrigante para outros?

E ao meu ver, dentro da prática clínica, intrigante para o adolescente, um período de mudanças individuais que alternam entre sensibilidade, inconsequência, autocrítica e tendência depressiva. Para o psicólogo e educador G.Stanley Hall, “a adolescência é a fase em que os piores e os melhores impulsos da alma humana lutam entre si para ganhar terreno”. E é essa luta que o adolescente enfrenta para encontrar paz consigo e receber a compreensão dos pais ou daqueles com quem convive.

 

Para alguns teóricos a adolescência é descrita como a fase da Crise de Identidade, pois a agitação emocional e o mau humor silencioso, geram Confusão de Identidade.

Na adolescência tudo é sentido de forma mais intensa e, é aí que se destaca a incontrolável necessidade de novas e potentes emoções, que por sua vez geram gestos de rebeldia e não raras vezes com consequências negativas a si.

 

Nessa fase de tantas mudanças, hormonais, corporais, comportamentais, estranheza sobre si, é comum o adolescente se deparar com a queixa: - do quão difícil está sendo lidar com ele “esse novo ser que surge”. E assim reconhecida por alguns teóricos – A Adolescência É Um Novo Nascimento.

Comum também o adolescente se deparar com a cobrança social das novas responsabilidades a assumir e, com a pressão para um amadurecimento rápido. Mudanças, cobranças, pressões, que geram entristecimento no adolescente que se vê invadido por um novo universo de uma hora para outra; entristecimento para os pais e/ou adultos que convivem com ele e não compreendem a origem dos novos comportamentos, dos gestos intempestivos.

Sendo assim, uma recomendação: - seja empático.  Acredite, ouvir o adolescente pode ser um caminho para compreender que nem ele mesmo sabe explicar as tristezas que o levam ao isolamento; que ele também sofre quando é grosseiro com alguém e principalmente com alguém que ama; que o problema pelo qual passa pode ter como resolução uma resposta objetiva por parte do adulto, mas não se esqueça que o adulto já aprendeu a redimensionar o problema; dê uma chance para conhecer o adolescente e descobrir que ele também sofre com o próprio e inexplicável mau humor. “Aos dezesseis anos o adolescente sabe o que é sofrer porque ele próprio já experimentou o sofrimento, mas ele não percebe ainda que os outros seres também sofrem” – Rosseau.

 

Cabe ao adolescente também entender que os pais dele e os demais adultos em sua maioria, não sabem lidar com ele nessa fase, ou seja, também ser empático? Supostamente compreensão mútua seria o ideal para a boa convivência, mas o adolescente ainda está tão assustado com as transições que lhe foram impostas, tão angustiado por sentir-se deslocado em si, que não dispõe de estrutura psíquica e emocional para a autocompreensão, quiçá ao outro; ainda mais quando o outro é um adulto que pensa e age totalmente diferente.

 

 

Nesse momento, eis que surgem novas relações, a família deixa de ser o núcleo do adolescente; surge a busca pelos semelhantes, a busca por aceitação. E assim os pais e adultos mais próximos, naturalmente vão se sentindo enciumados e deixados pra trás, pois aquele adolescente que há pouco e muito pouco era só uma criança totalmente dependente, descobre além das fronteiras do lar, um novo mundo em que o convite à independência e individualidade lhe é muito atrativo. Ainda assim, os pais possuem um papel preponderante na vida do adolescente. E os sentimentos construídos na relação de reciprocidade até então, serão fundamentais para esse processo de novas escolhas por parte do adolescente e de novas descobertas na forma de se relacionarem entre si pais e filhos.

Adolescência, fase desafiadora também para os pais, mas aprender a escutar, apoiar e compreender o processo de transição pode tornar essa fase menos dolorosa e desgastante para todos.

Incentive o adolescente a pedir ajuda.

Não esqueça que apesar da rebeldia ele quer e precisa de limites, apesar do adolescente encontrar identificação na turma de amigos, é no núcleo familiar que estão as referências.

 

O Adolescente

Mário Quintana

 

A vida é tão bela que chega a dar medo.

Não o medo que paralisa e gela, estátua súbita, mas esse medo fascinante e fremente de curiosidade que faz o jovem felino seguir para a frente farejando o vento ao sair, a primeira vez, da gruta.

Medo que ofusca: luz!

Cumplicemente, as folhas contam-te um segredo velho como o mundo:

Adolescente, olha! A vida é nova...

A vida é nova e anda nua

- vestida apenas com o teu desejo!

 

   

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