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A guerra entre a Rússia e a Ucrânia continua tomando grande parte dos noticiários, por isso a sugestão desse mês continua propondo a reflexão sobre o tema.
“Cerco de Jadotville”, (The Siege of Jadotville), uma produção Irlandesa, que relata a história verdadeira de um pelotão do Exército Irlandês, enviado numa missão de manutenção da paz pela ONU no Congo em 1961, mesmo sem nenhuma experiência em conflitos desse tipo, onde um presidente eleito foi assassinado num golpe de Estado.
Como não poderia deixar de ser, o drama é cheio de histórias heroicas dos combatentes, mas o mais intrigante é o que se passa por trás das trincheiras: Interesses nada elevados que movem quase todos os lados nessa tragédia, a exceção é o povo. Iniciando pela diplomacia exercida pela ONU, que se manteve inerte aos pedidos que poderiam impedir o golpe, apenas por se tratar de um presidente com posições políticas de esquerda, passando pelos interesses pessoais do diplomata escolhido o para liderar a missão e finalizando pelos interesses financeiros da França e suas grandes corporações privadas. Fica evidente nesse processo a manipulação de informações que transformam derrotas em vitórias, erros em acertos e heróis em vilões e, lógico, que o inverso também. O que não se apresenta é a vontade política de se alterar o destino desse rico e explorado continente africano que se mantém em dificuldades até hoje.
O continente é outro, a riqueza envolvida é outra (no caso de Rússia X Ucrânia é o gás natural, enquanto no Congo é Urânio), mas é inevitável enxergarmos as semelhanças entre a guerra atual e a do passado.
Entender uma guerra não é tarefa fácil, ainda mais para nós que temos essa tradição de paz, mas “Jadotville” nos ensina que esse entendimento não virá pelas informações produzidas pelas partes envolvidas e que provavelmente só com o distanciamento do tempo a verdade poderá um dia ressuscitar.
Disponível na Netflix.
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