Recentemente o mundo se assustou com a tomada do poder no Afeganistão, pelo movimento fundamentalista e nacionalista islâmico, Talibã. Para maioria de nós, acostumados com a chamada “democracia ocidental”, as imagens de tentativas de fuga do povo em desespero e a divulgação das absurdas ideias retrógradas do grupo, principalmente em relação aos direitos civis e às mulheres, além de nos deixar comovidos, nos traz uma sensação de que isso jamais aconteceria aqui. Mas e se…? E se por algum motivo impensável a história tomasse outro rumo?
Nesta nova publicação indico duas séries que nos fazem pensar se nossa civilização esteve e/ou está realmente segura:
1) O Homem do Castelo Alto (The Man in the High Castle), série baseada no livro de Philip K. Dick, publicado a mais de quarenta anos (1962) e disponível na Amazon Prime Vídeo.
A história se passa a partir de uma possibilidade histórica, que felizmente não ocorreu: Os países do Eixo, capitaneados por Hitler, venceram a Segunda Guerra Mundial e o mundo foi divido entre o Reich Alemão e o Império Japonês.
Tendo como fio condutor a personagem Juliana Crain (Alexa Davalos) e sua trajetória da inocência à consciência, as quatro temporadas nos mostram uma sociedade que certamente seguiria um caminho muito diferente deste que conhecemos, já que neste novo mundo, o território americano tem uma parte controlada pelo nazismo e outra pelo fascismo japonês. Disse “seguiria” porque a obra mostra que o ser humano, mesmo que tenha que dar voltas mais longas, sempre parte em busca da liberdade e dessa forma sempre vai ter luta.
Correndo o risco de dar um meio spoiler, preciso dizer que é interessante o recurso utilizado para se mostrar que outro mundo é possível.
2) O Conto da Aia (The Handmaid's Tale), série baseada no romance homônimo de 1985 da escritora canadense Margaret Atwood, disponível na Globoplay e Uol Play (3 temporadas) e Paramount+ (Quatro temporadas).
Se passando nos tempos atuais, a série conta a história de June Osborne (posteriormente transformada em Offred), personagem interpretada por Elisabeth Moss, mulher independente, mãe, profissionalmente reconhecida e adaptada à sociedade liberal, mas que de repente se vê vivendo num país que adota, por força de uma revolução que tomou a maior parte do território americano, um regime teocrático totalitário, a República de Gilead.
Em Gilead, as mulheres férteis, como June, foram separadas para exercer o papel santificado de Aias, subterfúgio para esconder os abusos que sofrerão em nome da continuidade da raça humana.
Como toda sociedade conservadora, a hipocrisia corrói seus princípios e é se utilizando destas contradições que June vai lutar para escapar da violência, resgatar sua filha e sua dignidade.
Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!