O que é música, será que é possível definir?
A música tem um sentido muito específico para cada pessoa; assim como um propósito também. Mas é certo que a música de uma forma ou de outra está presente na vida de quase todo o ser humano. Segundo os neurocientistas, pouco senão rara, são as pessoas desprovidas de redes neurais capazes de reconhecer tons e melodias. É sabido ainda, através de pesquisas que não há um único centro musical no cérebro humano e, sim uma rede de conexões por todo o cérebro; por aí já vemos a complexidade do “entender” o que é música, como se processa. A música é descrita como parte integrante do ser, independente de estilo musical, conhecimento técnico, esses são fatores que se aperfeiçoarão ou não, dependendo da escolha de cada um. No entanto, inevitavelmente uma música o fará mexer os pés, o corpo, balançar a cabeça (mesmo que não seja com o mesmo frisson, destreza e classe com a qual Elvis Presley fazia rs). Friedrich Nietzsche, filósofo e compositor do século XIX, escreveu “ouvimos música com nossos músculos”, referia-se ao fato do ritmo de uma música ser acompanhado mesmo que não se esteja prestando atenção nela; os músculos do rosto expressam os sentimentos despertados pela música. Quantos sentimentos e lembranças que estavam esquecidos não são despertados, fruto da memória musical!
A relação com a música pode dizer muito a respeito dos aspectos do funcionamento cerebral e a tecnologia muito tem contribuído para esses “achados” científicos, recursos desenvolvidos permitem que o cérebro possa ser visto enquanto pessoas ouvem, imaginam e até compõem música. A neurociência tem feito grandes descobertas no campo da música e conexões neurais.
A música está para a academia, a animação, a concentração, a distração, a emoção, o instrumento, a meditação, a profissão, ora o bebê dança e também se tranquiliza com a música no ventre da mãe, os pássaros regem a própria música, música socializa, ouvir a música interior é um mergulho em si.
Música constrói imagens, cheiros, cores.
Quem ao ouvir Beatles não visualiza a emblemática foto dos 4 Beatles atravessando a faixa;
Possivelmente, uma mosca que incomoda pela insistência em rodear ou em provar sua sopa, trará à mente Raul Seixas compondo “Eu sou a mosca que pousou em sua sopa”.
Música é Arte!
Se por um lado a neurociência muito tem feito em prol de desvendar os meandros do cérebro; outro ícone que merece nossa atenção é a Musicoterapia: uma prática com música no contexto clínico de tratamento, reabilitação ou prevenção, que tem tido alta eficácia terapêutica para pacientes com várias doenças neurológicas, doenças que muito bem tem respondido à música e à musicoterapia por exemplo: decorrentes de AVC, Alzheimer ou outras causas de demência, perda da linguagem ou movimento, amnésia, parkinsonismo.
Música é Ciência!
E quando Arte e Ciência se encontram, um grande exemplo que esta parceria é funcional e que leva ao caminho do sucesso é a trajetória do Maestro João Carlos Martins, filho de pianista e pianista conceituado já na adolescência, contudo teve a carreira interrompida diversas vezes por atrofia, tumor, até que não pôde mais tocar piano e migrou para a carreira de maestro, mas acreditem se puderem, as lesões cerebrais limitavam-lhe os movimentos dos braços o impedindo de segurar a batuta. João Carlos Martins abandonou a música? – Não! Muito pelo contrário, passou a reger sem batuta e com as partituras decoradas. Força de vontade, amor à carreira, paixão à música? Só ele pode responder essa motivação em ir adiante. Contudo, a determinação do maestro foi o que o tornou ainda mais admirável, a contribuição dele para a arte é indescritível, assim como para a ciência. Há cerca de um ano, com a inovação de luvas biônicas, o maestro pôde não só sentar-se ao piano e tocar, como também apresentar-se nos palcos; e há um mês em live com Daniel Boaventura o maestro presenteou os fãs tocando sem luva, provocando comoção nos músicos que o acompanhavam. O que é isso?? É o que a ciência ainda estuda. A princípio vamos falar em neuroplasticidade, capacidade do sistema nervoso em adaptar-se, moldar-se, proporcionando novas conexões; as funções afetadas em determinada região do cérebro (quando estimuladas) passam a ser executadas em outra região. Isso é incrível hein, isso é Neurociência! Sim, mas é claro que exames, diagnóstico, estudos, pesquisas, reabilitação e determinação, são fundamentais para respostas de tamanha expressão e, para esse conjunto leva tempo.
Esse foi meu bate papo com vocês neste mês, mês em que celebramos o Dia do Rock, por isso não pude deixar de fazer algumas citações ao longo do texto de alguns de meus ídolos rs.
Parabéns ao Rock e parabéns a todos os roqueiros.
A quem interessar deixo algumas sugestões sobre o tema desse mês:
Filme: A música nunca parou – Filme de 2001.
Exposição: João Carlos Martins – 80 Anos de Música
Centro Cultural FIESP
(não esqueça o álcool em gel, o distanciamento social e a máscara).
E então finalizo com duas frases que muito tenho apreço.
- A Música Venceu!
Tema do Samba Enredo da Vai-Vai em 2011.
- Quando Faltam As Palavras, A Música Fala!
Agradecimento feito na premiação do Oscar 2019.