A ideia hoje é trazer algumas informações sobre o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), em dias atuais com algumas ações de higiene sendo acentuadas de formas repetitivas, tenho presenciado pessoas com dúvidas a respeito se esse comportamento não é o mesmo que ter TOC.
Segundo o DSM-V (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), o Transtorno Obsessivo Compulsivo é um distúrbio psiquiátrico de ansiedade caracterizado por pensamentos obsessivos e intrusivos; já na revisão do DSM em 2013, o TOC deixou de fazer parte dos transtornos de ansiedade para ser incluído na categoria de transtornos relacionados ao TOC.
As principais características deste Transtorno são os pensamentos obsessivos e os comportamentos compulsivos.
A pessoa tem a ideia de ser invadida por um pensamento, tem uma ideia intrusiva, essa ideia de “voz própria”, é o que chamamos de obsessão; a pessoa não pensa em nada, só tem vontade de fazer algo/vontade impulsionada pelo pensamento, essa ação é o que chamamos de compulsão (é o ritual). O TOC envolve a angústia e a ansiedade de livrar-se do pensamento e para isso a pessoa precisa ter uma Ação para neutralizá-lo e, por isso se impõe a ter que fazer. A pessoa é dominada por pensamentos repetitivos que causam medo ou desconforto, pensamentos absurdos e até de repulsa algumas vezes; esses pensamentos determinam a repetição de algumas ações para aliviar a ansiedade. Eis que começa o ciclo da doença, muito tempo passa a ser dispendido em ações para se livrar dos pensamentos/do desconforto/da angústia/do medo e, assim a vida social, acadêmica, amorosa começa a ser afetada, a rotina diária antes tranquilamente realizada passa a sofrer grandes dificuldades. E um grande sofrimento passa a ser vivenciado, pois a pessoa teme não realizar a regra/ritual imposto pelo pensamento e algo de ruim acontecer.
Por exemplo: pensamentos de contaminação e compulsão por limpeza;
pensamentos de simetria e compulsão por organização;
pensamentos sexuais, religiosos e compulsão por reza e tantos outros.
Estudos populacionais apontam para a prevalência de que 1 (uma) a cada 40 (quarenta) pessoas no Mundo são diagnosticadas com TOC. Vale ressaltar, que nem todas as pessoas buscam por tratamento, seja por vergonha dos sintomas, seja por desconhecerem que exista tratamento, por medo do julgamento.
Geralmente os sintomas do TOC começam na infância ou adulto jovem, no entanto o diagnóstico normalmente chega na fase adulta. Na infância é mais difícil a identificação do transtorno, haja visto que numa determinada fase do desenvolvimento é natural a criança alinhar os brinquedos, não fazer determinada atividade por medo sem saber explicar por qual razão; além do que a criança não tem ainda o senso crítico para avaliar se os comportamentos estão exagerados ou não e, dependa da percepção de um adulto, que pode ser os pais/responsáveis/professores; o TOC numa criança pode causar problemas na vida escolar e social e profissional ao passar dos anos. Já o adulto por sua vez, tem a autopercepção de quando os sintomas passam a interferir nas funções do dia a dia, bem como quando começam a passar muito tempo em rituais, muitas vezes até perdendo compromissos, tornando-se uma pessoa conhecida como quem nunca chega no horário combinado e, tudo isso por não conseguir sair de casa ou de onde quer que seja sem antes realizar os rituais impostos pelos pensamentos recorrentes e assustadores.
Ressalto aqui, que um dos impactos da Pandemia é a acentuada repetição em higienizar as mãos e, que aí temos uma mudança de hábito e não um sintoma do TOC. Muitas pessoas por passarem mais tempo em casa, se dedicam atualmente a organização de armários, gavetas, da casa de um modo geral e, pode ser por estarem aproveitando para curtirem um espaço tão íntimo e pessoal que antes não tinham tempo, pode ser para otimizarem o tempo para quando voltarem a rotina de trabalho fora, por exemplo. Reiterando que a principal característica do TOC é a presença de crises recorrentes de obsessões e compulsões, ou seja, pensamentos repetitivos e ações que a curto prazo aliviam a ansiedade desencadeada pelos pensamentos. Quanto mais fizer o comportamento compulsivo melhor ele fica, o comportamento dá alívio para a ansiedade (na cabeça de quem sofre com os pensamentos inquietantes), mas na verdade a curto prazo fortalece o ciclo do TOC e para a remissão dos sintomas, o que precisa é enfraquecer esse ciclo. O ciclo começa com o pensamento, pensamento de que algo ruim vai acontecer e, assim se vê obrigado a fazer algo para não acontecer. Por isso, é necessário prestar atenção que atividades novas e isoladas não se referem especificamente ao TOC. Agora, quando manias passam a ocupar muito o tempo da pessoa, quando a não realização da mania ou do ritual trouxer muito sofrimento, quando o pensamento recorrente for uma tormenta, quando for notado prejuízo na vida da pessoa em face desse ciclo pensamento => ação, recomenda-se procurar por um profissional para avaliação e tratamento. O tratamento pode ser um conjugado de medicamento e psicoterapia. O objetivo é chegar à funcionalidade, estado no qual a pessoa consiga desenvolver um comportamento satisfatório, o TOC atrapalha coisas simples da vida.
A quem possa interessar, sugestão de filme sobre o título:
Melhor Impossível, um filme de 1997;
TOC TOC , um filme de 2017.