Áudio do Texto:
Ela foi ao baile, mas desta vez sem expectativas. Apenas lembrou-se do ocorrido dias atrás: - Você não vai? - Não sei. Olhos nos olhos... - Sem você não tem graça! - Não sei, depois eu te falo. Porta aberta... Porta fechada... “Sem você não tem graça”... Porque ele dissera isso a ela? Pensamentos vagos... Talvez fosse uma forma de ele ser simpático. Ela não queria alimentar mais nenhum pensamento em que ele estivesse presente, mas de repente pegou-se lembrando do Reveillon. Fogos, risos, festa em família. Abraços... abraços e ela olhando para o céu, perguntando-se onde ele estaria... com quem?... como?... Lágrimas... Mas aquilo já era passado. Agora era carnaval. Impossível reconhecê-lo pela máscara, mas o porte físico o denunciava. Ele aproximou-se. Se a reconhecera, não dera nenhuma pista. Apenas convidou-a para dançar. O perfume era outro, mas ela sabia que era ele. A voz falando ao ouvido também era dele. - Não acha que já está na hora de tirarmos as máscaras? - Antes que ela respondesse, ele a interrompeu. - Não precisa dizer nada... E com toda delicadeza, como se estivesse tocando um cristal, ele, lentamente foi-lhe tirando a máscara. Ela fizera o mesmo com ele. - Agora chega, Colombina! - Agora chega, Pierrô! Risos... Olhos nos olhos... Beijo... Olhos fechados... Olhos nos olhos... E agora o que eu falo? Ele pensava. E agora o que eu faço? Pensava ela. Parecia que o salão era só deles, mas parecia que era pequeno. Então decidiram sair... Despediram-se de alguns rostos mascarados que encontravam pelo caminho e de braços dados saíram do salão sem prestar atenção na música que estava tocando: “Tanto riso, oh quanta alegria Mais de mil palhaços no salão Arlequim está chorando pelo amor da Colombina No meio da multidão”.
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